domingo, 16 de outubro de 2011

SETE LETRAS




Esta palavra saudade
Sete letras de ternura
Sete letras de ansiedade
E outras tantas de aventura

Esta palavra saudade
A mais bela e a mais pura
Sete letras de verdade
E outras tantas de loucura

Sete pedras, sete cardos, sete facas e punhais
Sete beijos que são nardos, sete pecados mortais
Esta palavra saudade dói no corpo devagar
Quando a gente se levanta, fica na cama a chorar

Esta palavra saudade
Sabe a sumo de limão
Tem o travo da amargura
Que nasceu do coração

Ai palavra amarga e doce
Estrangulada na garganta
Palavra como se fosse
O silêncio que se canta

Meu cavalo imenso e louco a galopar na distância
Entre o muito e entre o pouco que me afasta da infância
Esta palavra saudade é a mais prenha de pranto
Como um filho que nascesse por termos sofrido tanto

Por termos sofrido tanto
É que a saudade está viva
São sete letras de encanto
Sete letras por enquanto
Enquanto a gente for viva

Esta palavra saudade
Sabe ao gosto das amoras
Cada vez que tu não vens
Cada vez que tu demoras

Ai palavra amarga e doce
Debruçada na idade
Palavra como se fosse
Um resto de mocidade

Marcada por sete letras, a ferro e a fogo no tempo
Ai ! Palavra dos poetas que a disparam contra o vento
Esta palavra saudade dói no corpo devagar
Quando a gente se levanta, fica na cama a chorar

Por termos sofrido tanto
É que a saudade está viva
São sete letras de encanto
Sete letras por enquanto
Enquanto a gente for viva


(Poema de Ary dos Santos - Música de Nuno Nazareth Fernandes)

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