Desde quando nasci
Que o conheço e lhe quero
Como a um irmão meu
Como ao pai que perdi
Como tudo o que espero
É um homem que tem o condão da doçura
No sorriso de água, nos olhos cansados
É metade alegria, é metade ternura
Nas palavras cansadas, nos gestos dançados
Nos silêncios magoados
Tem um rosto moreno
Que o Inverno marcou
E apesar de ser forte
É um homem pequeno
Mas maior do que eu sou !
Tem defeitos, é certo, como todos nós
Sonha às vezes demais
Fala às vezes no ar
Mas quando de dentro dele a alma ganha a voz
É tal como se fosse o som do nosso mar
Se pudesse falar ...
Foi capaz de mentir
Foi capaz de calar
É capaz de chorar e de rir
Tem um quê de fadista
Tem um quê de gaivota
E a mania que há-de ser artista
Quando vê que precisa
É capaz de roubar
Mas também sabe dar a camisa
Foi capaz de sofrer
Foi capaz de calar
É capaz de ganhar
E perder !
É um amigo que às vezes me ofende
Mas que eu sei que me escuta
Que eu sei que me ouve
E também me compreende
Quantas vezes lhe digo que tenha juízo
Que a mania dos copos só lhe faz mal
Que a preguiça não paga, que o trabalho é preciso
Ele encolhe-me os ombros num desprezo total !
Este tipo é assim ...
Foi capaz de mentir
Foi capaz de calar
É capaz de chorar e de rir
Tem um quê de fadista
Tem um quê de gaivota
E a mania que há-de ser artista
Quando vê que precisa
É capaz de roubar
Mas também sabe dar a camisa.
Qual o nome, afinal
Deste amigo que eu canto ?
Pois é claro que é
Portugal !
(Poema de José Carlos Ary dos Santos
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